Hoje comemoramos o dia mundial da voz! E, como não poderia deixar de ser, vamos aproveitar a data para conversar sobre o laser nessa área tão importante da Fonoaudiologia.
Embora o uso desse recurso tenha se tornado cada vez mais evidente, tanto na clínica vocal como na atuação com voz artística, poucas são as evidências científicas que encontramos sobre o tema.
Atualmente, a ação do laser em voz justifica-se pela sua ação anti-inflamatória, antiedematosa, analgésica e sobretudo pela aplicabilidade no desempenho de músculos esqueléticos. Já temos muitas evidências de que o uso desse instrumento pode auxiliar na redução da fadiga muscular, da tensão, na melhora do desempenho funcional e na redução dos danos musculares após atividades físicas de alta intensidade. Para voz, especificamente, um artigo investigou o efeito da fototerapia com LED na fadiga vocal e apresentou como positivo o efeito da luz sobre esse sintoma, com melhora da autopercepção e também de alguns parâmetros acústicos após irradiação.
Esses efeitos musculares podem auxiliar na preparação vocal, na fonoterapia, no alívio de sintomas, mas o conhecimento da fisiologia é fundamental, uma vez que esse recurso é coadjuvante na prática fonoaudiológica. Apenas após boa avaliação, diagnóstico e planejamento terapêutico estabelecidos é que o profissional poderá associar o LASER em seus objetivos propostos.
Em relação às lesões de prega vocal, embora não seja rara a associação desse recurso ao tratamento dessas patologias é preciso cautela, pois as evidências são muito escassas. O tema tem despertado o interesse de pesquisadores, no entanto os resultados ainda são muito preliminares. O único artigo encontrado sobre isso é bastante recente e investigou a ação de diferentes doses do laser vermelho sobre a proliferação de células epiteliais de uma prega vocal humana saudável. As respostas foram significativas não só para a proliferação e migração celular (Figura 1) como também para a excreção de fatores de crescimento relacionados à regeneração tecidual. De acordo com os autores, a dose com melhor resposta foi a de 8J/cm2 e os resultados mais significativos apareceram a partir de 48h, com irradiação diária (Figura 2).
O artigo completo pode ser encontrado aqui: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/30244401
Figura 1
Figura 2
Embora animadores, volto a dizer que os resultados são preliminares e a sua eficácia para o tratamento de lesões ainda não é uma verdade científica. O LASER é um recurso terapêutico para o profissional fonoaudiólogo, que deve conhecer bem o seu paciente, a dosimetria mais adequada para cada indivíduo (sim, o protocolo é individual!) e as respostas obtidas com cada estímulo. Seu uso pouco criterioso, a aplicação em massa em reality-shows, propagandas de que ele é uma solução mágica para as emergências vocais, ou até mesmo a promessa de que pode tratar algumas lesões de massa são atitudes pouco éticas e que podem colocar em risco a performance artística de um paciente, seu comprometimento com a terapia e, por fim, até mesmo o seu prognóstico.
Então, usem com responsabilidade, compartilhem seus resultados, mas sempre com responsabilidade! Vamos juntos contribuir para o crescimento das nossas evidências científicas e da nossa profissão como um todo!
Uma resposta
muito bom seu site gostei muito do seu conteúdo.Vou passar mais vezes para ver as atualizações.abraço para vcs.